Amanhece
primeiro de maio com semblante gélido e uma chuva fina que invade a alma. O vento corre pelas ruas, acordando as curvas e
encruzilhadas... Tantas e tantas há muito desgraçadas. O vendaval grita sua dor
de saudade. Saudade da relva rasteira, das flores vibrantes, das árvores de copas
dançantes que lhe usurparam.
As
nuvens baixam, precipitam-se brumas cinzentas que entram na gente mostrando as
correntes da devastação.
Ah, solidão é rede das mais resistentes e que arrasta a gente quilômetros em vão.
Ah, solidão é rede das mais resistentes e que arrasta a gente quilômetros em vão.
Primeiro
de maio carrega histórias... Tantas esperanças depositadas nos ombros da labuta,
na crença de um futuro melhor... Progresso
distante...
A nobreza da alma à custa do sacrifício do corpo. A riqueza guardada a sete
chaves espalha miséria nos quatro cantos do mundo.
Trabalho
diurno, trabalho noturno, trabalho na fábrica, trabalho nas ruas, trabalho em
casa. Jornadas multiplicadas.
O transporte, enlatado, já amassa a massa que entra de supetão... Já pulsa o relógio que malha o pão. A vida se esvai no tempo apressado que abre a ferida da desilusão.
O transporte, enlatado, já amassa a massa que entra de supetão... Já pulsa o relógio que malha o pão. A vida se esvai no tempo apressado que abre a ferida da desilusão.
Aguenta
peão! Há tarifas nos portões do amanhã. Olhe, já te cobram a partida! “Tempo é
dinheiro”: tempo de vida, tempo de lida.
E na
obra suada pelas migalhas de então, trabalha Maria, trabalha João!
Luzia M. Cardoso
RJ, 1º de Maio de 2012