Os heróis olímpicos, os heróis nacionais, os heróis do futebol, das olimpíadas, das corridas de carros: cria-se poucos Pelés entre tantos Garrinchas.
A ARENA

As arenas construídas para eventos de massa datam de muito longe na história da humanidade. Construídas no mundo antigo, época das grandes conquistas e da ostentação dos imperadores.
As arenas foram projetos para reunir a plebe e, em lugar de destaque, os soberanos, tendo, ao centro, aqueles designados para garantir o entretenimento. Tratava-se de um grande circo para extravasar a dor dos explorados e lançar névoa sobre a sua realidade. E a névoa ajudava a criar a torcida: uns, torcendo para um lado e outros, torcendo para o outro lado e, assim, ambos, esqueciam-se que pertenciam, todos, ao lado dos oprimidos. E, em local privilegiado, banqueteava-se a elite dominante e seus convidados.
Enquanto isso, nos centros das arenas, a névoa se formava pela areia, pelo suor e pelo sangue dos que seriam abatidos e essa névoa se estendia à plateia, grudando os seus olhos e as suas mentes.
Ao mesmo tempo, no centro das arenas, os gritos, o suor, o sangue e a dor dos que estavam lá para dar vida ao circo, num circo onde sempre havia quem caçasse e quem ficasse abatido ao chão. Nas arenas antigas, a luta dos gladiadores, de homens contra homens... De homens contra animais.
E as arenas, o circo, o mais eficaz instrumento de manipulação e de alienação das massas, se multiplicou, continua se multiplicando, e se sofistica, tanto em impérios quanto em repúblicas. E nessas arenas são testados os homens, sua força e sua coragem. Também aí são testadas e apresentadas novas tecnologias. Também aí é avaliada a repercussão emocional que causa às massas.
E a plateia rodeia o centro da arena. E a plateia de hoje é mundial, é virtual e todos, dos quatro cantos do mundo, muitos milhares de pessoas, todos rodeiam o centro de uma mesma arena, com os soberanos, em destaque, que estão lá a lucrar.
E ao redor da arena, a plateia extravasa as suas emoções... E as suas frustrações. Vibra, grita, canta, chora, torce, xinga, fica inflada, anestesiada para o que lhe espera do lado de fora da arena. A plateia se mascara, a massa é anônima, e na massa, cada um se perde em fantasia. Na massa anônima, nessa arena, os plebeus até xingam os soberanos, face a face. Não há cara nas arenas, todos usam máscaras.
E ao redor da arena, a plateia extravasa as suas emoções... E as suas frustrações. Vibra, grita, canta, chora, torce, xinga, fica inflada, anestesiada para o que lhe espera do lado de fora da arena. A plateia se mascara, a massa é anônima, e na massa, cada um se perde em fantasia. Na massa anônima, nessa arena, os plebeus até xingam os soberanos, face a face. Não há cara nas arenas, todos usam máscaras.

E a torcida vivencia o poder e a força do soberano, experiencia a crueldade da luta e se torna cúmplice da violência, das baixas e das mortes dos que se tornaram heróis ao centro da arena.
A massa, submersa em emoções, ao emergir, obedecerá passivamente à política da coerção e do medo, do chicote, pão e circo. E, no dia seguinte, caminhará, ombro a ombro, olhos ao chão, conforme a ordem social dominante.
AVE CAESAR!!!!
Luzia M.Cardoso
RJ, 05\07\2014