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sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Copa da FIFA, o Mundo, o Brasil, os Brasileiros e a Chefe da Nação



A Copa da FIFA, o Mundo, o Brasil, os Brasileiros
e a Chefe da Nação




Somos um povo miscigenado que vive em uma imensa extensão territorial denominada Brasil. Nessa terra, que não é terra para todos e que nunca foi a mãe gentil, erguem-se muros de exclusão social: de um lado, os muito ricos; do outro lado, os miseráveis; e, no meio, alguns se bandeando para o primeiro lado, outros se mantendo em cima do muro e outros já despencando para o segundo lado, todos estes são os assalariados.

Um imenso contingente do povo brasileiro vive às margens, nada plácidas, do trabalho precário, do desemprego, do subemprego e ao risco de ver suas crianças, adolescentes e jovens serem atraídos para o trabalho no mercado subterrâneo (prostituição, narcotráfico etc.).

O penhor da igualdade ainda temos que conquistar com organização, luta, braços e brado fortes, já que a negligencia para com as necessidades do povo brasileiro é protegida com coerção, bombas, aparato de repressão e prisões, desafiando as nossas forças à própria morte.

O nosso peito clama pelo direito ao sol que brilha no céu de nossa pátria, pois os raios fúlgidos se mantém desviados para apenas um dos lados desse muro que se agiganta, materializando o apartheid social.

Oh, pátria amada, tão desejada e de nós afastada, salve, salve!

O Brasil que vivemos é um pesadelo sob a extensa nuvem de desesperança que à terra desce, impedindo o povo de enxergar a imagem do cruzeiro que no infinito resplandece.

O Brasil, que é  gigante pela própria natureza, tem um povo forte e impávido a recriar sua riqueza mas, tanta ganância, faz o futuro espelhar muita tristeza.
E se pau, pão e circo sempre foram usados como instrumento por quem quer erguer e manter impérios às custas do trabalho dos setores sociais que dominam, o povo também cria e recria os seus instrumentos de reação e resistência, demonstrados na história das classes trabalhadoras brasileiras.
Por tudo o que foi exposto, o brado forte do povo brasileiro não está representado nas ofensas feitas à Chefe do Poder Executivo de nosso país e que ecoaram no interior do palco de abertura da maior festa imperialista do planeta. O que vimos, ali no estádio de Itaquera, em São Paulo, não foi sinal da nossa luta e resistência contra a tirania econômica de nossas elites, mas sim mais uma estratégia de deslegitimação do voto e da escolha popular e, assim, de desmoralização não apenas da presidente do país mas, antes de tudo, do próprio povo brasileiro.
A luta é na rua, contra a exploração e a opressão, contra a corrupção, por trabalho digno, terra, teto, saúde e educação e não em xingamentos manipulados ao calor da ocasião e seguidos por uma massa alienada e subserviente aos preços e à lógica dos donos do circo. 
Contudo, se o público que insiste em comprar os ingressos desse Circo Mundial quiser mostrar indignação para com a realidade em que vivemos, então, que a mostre com dignidade, civilidade e respeito. Aos que querem protestar nas cadeiras e arquibancadas dos estádios de futebol, pagando pela manutenção desse riquíssimo circo, que o faça mostrando a cara, como fazem os que, nas ruas e com coragem, empunham faixas e cartazes, mesmo sabendo que todo o poder repressivo do Estado brasileiro estará de prontidão para calar-lhes a boca.  Caso contrário, se as ofensas à Chefe do Executivo brasileiro se mantiverem nas arenas da Copa da Fifa iremos entender que esse showzinho à parte, insuflar os expectadores contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff , também faz parte da lógica imperialista.


Luzia M. Cardoso
RJ, 13\06\2014