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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Por que a Castração Química Não Combate a Cultura do Estupro

#eleNunca

Por que castração química não combate a Cultura do estupro?


Porque a prática do estupro está embasada na ideologia machista e na relação de dominação.  Evidentemente que, também, em desvios de personalidade e problemas psiquiátricos, mas não só.

Mulheres diversas foram estupradas por seus maridos, namorados, noivos, ficantes por eles não saberem ouvir e não respeitarem o "não quero". Muitos homens acreditam que o "não" da mulher é um "sim" disfarçado. Acreditam, e defendem,  que forçando o início, durante a relação sexual elas irão sentir prazer. É uma cultura falocêntrica o entendimento de que o falo, por si só, resolveria o não desejo feminino. Daí eles estupram.

Muitas mulheres que passam por essas situações com seus maridos, namorados e ficantes se sentem culpadas e confusas por terem sofrido a violência. Como se a relação de afeto e o fato de permitir carinhos levasse à obrigatoriedade de aceitar uma relação sexual não desejada.

Será mesmo que o tal candidato defende castração química para esses casos, ou ele vai relativizar, dizendo "esses, não!"?

E a pedofilia, que é uma prática de estupro a menores e, portanto, vulneráveis. Quantos pedófilos existem, nas "santas e sacras famílias", que se aproveitam da proximidade com crianças e adolescentes para atraí-las para situações onde serão violentadas, abusadas da forma mais perversa, humilhadas, ofendidas, ameaçadas, muitas vezes, por anos a fio.

Quantos tios, avôs, país, vizinhos, padrinhos, amigos, padrastos se utilizaram da confiança do núcleo familiar para abusarem de crianças e adolescentes? E o pior, nem sempre a criança ou o adolescente conseguem falar, e os que conseguem falar, não conseguem provar. Daí, a justiça considerar muitos abusadores inocentes.

Embora a justiça tenha considerado muitos abusadores  inocentes, eles não o são, eles são pedófilos. Vejam, esses ficarão sem castração química e estuprando crianças e adolescentes conforme a sua vontade e a possibilidade manifesta.

Há ainda estupradores impotentes. Sim, esses não estupram com o pênis, mas com qualquer objeto que, em suas mãos, possam ser utilizado para a mesma função. A esses, a castração química, mesmo que ocorra, não lhes retirará a tara do estupro. E aí, defenderão a amputação das mãos ou a pena de morte?

O combate ao estupro, à cultura do estupro,  se dá pelo combate ao machismo, à dominação e à relação de poder entre gêneros. O combate ao estupro se dá pela cultura de respeito ao outro, pelo respeito às diferenças e aos diferentes. O combate à cultura do estupro se dá pelo entendimento que o corpo do outro é inviolável e que, não importa o local, o momento, a roupa, o comportamento ou o tesão, o Não é sempre Não.

Algumas mulheres podem até acreditar que aquele  que defende castração química para estupradores pensa em protegê-las, contudo, essa mesma pessoa chamou a colega de trabalho de vagabunda. Essa mesma pessoa disse a uma mulher que, por ela ser feia, ela não merecia ser estuprada, deixando evidente o seu entendimento de que as bonitas merecem ser estupradas.

Essa mesma pessoa, que parece querer proteger mulheres com castração química para estupradores, deixa claro que considera mulheres seres inferiores aos homens ao verbalizar que teve quatro filhos machos e, na fraquejada, veio uma mulher; que mulher deve ganhar menos que o homem porque engravida e se ausentará do trabalho nos períodos de licença maternidade.

Vamos refletir, mais de 2 milhões de mulheres não estão gritando #eleNao , #eleNunca  à toa. O grito se deve ao fato de que essa pessoa demonstra não ter a menor condição de governar uma nação.

Nessas eleições, há inúmeros candidatos à presidência. Há dos liberais aos que têm propostas mais sociais. Assim, não justifica a opção por um candidato que propaga o ódio, a violência e o preconceito.

Luzia M. Cardoso