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sábado, 15 de outubro de 2016

Aos Mestres, com carinho

A todos os professores e professoras, meus e minhas companheiras de luta,
Queridos e queridas companheiras (os),
Hoje, 15 de outubro, comemoramos, mais uma vez, o Dia do Mestre. E lá se vão cerca de 66 anos e comemoração no Brasil, embora há muito mais tempo o 15 de outubro tenha sido consagrado à Santa Tereza D'Ávila. Nesta data, no ano de 1827, o imperador, D. Pedro I, decretou a criação do Ensino Elementar no Brasil.

E tanta coisa ocorreu em nossa história... E tanta coisa acontece em nossa história... Tantas histórias se cruzam às nossas, em sala de aula, nos corredores, nos pátios...
Quantos olhares nos olham brilhantes de alegria, de vontade de saber... E quantos outros olhares nos olham denunciando o pranto contido e o pânico, diante da ameaça de não entender... E ainda quantos tantos outros olhares brincalhões, que rodopiam todo o cenário, como piões luzentes que pairam no ar... Ah, como é difícil trazê-los à terra.
E vão-se os dias e, a cada dia, chegam histórias... E tantas histórias a mais para contar: o texto árido para trabalhar; as noites varadas com provas e provas e mais provas... e aquelas notas que insistem em afundar... Ah, e outras, tão poucas, que sobem a brilhar.
Diante do espelho, cara a cara, o professor... Ora se culpa, ora se absolve... Ora chora, ora sorri querendo acolher um a um de seus alunos.
E poucos passam as séries, pouquíssimos sobem de nível de instrução... E desses poucos, muitos nos abrem tantas lacunas.
E na sala de aula, em frente à lousa, diante dos olhos, veem lá, o professor, a professora.
E tantas lutas a vencer:
  • Para o aluno, 

a chegada à sala, o acesso ao texto, a prova, os trabalhinhos que dão um trabalhão, a nota... Dia a dia, mês a mês, ano a ano.
  • Para o professor,

as salas abarrotadas, as bolsas cheias de livros e trabalhos;
a mercantilização do ensino e a venda de ilusões em brilhantes canudos... E para quem paga, a preço de ouro;
o descompromisso das autoridades, que sucateiam o ensino público, barateiam a mão de obra dos professores e inventam fórmulas mágicas para que os alunos não permaneçam grudados no mesmo banco, na mesma sala, na mesma série, no mesmo nível;

  • E para todos,

a esperança de um futuro melhor.
Tantas batalhas, algumas vitórias, muitas derrotas...
Somos professores diante de um rio para atravessar. E na mesma margem, estão aqueles que chegam a nós para receberem as chaves que os ajudarão a abrir as portas do conhecimento.
É um rio largo... É um rio fundo... É um rio longo... É um rio...
(É... Esse rio a cada dia fica ainda mais intenso... Hoje encontramos o que nunca esperaríamos encontrar: tropa de choque da polícia; bombas de efeito moral; spray de pimenta e cassetetes de borracha...)
E como é de se prever em rio longo, há corredeiras, cachoeiras... E em rio que atravessa florestas há também cobras e jacarés... Além de muitas pedras... Mas é um rio que carrega flores, sementes, frutos e uma variedade de vidas... Um rio que nos mostra (e sempre mostra!) um belíssimo horizonte.
É assim que vejo nosso labor, companheiros e companheiras: estamos todos diante de um rio para atravessar, a questão é conhecer o rio, selecionar os instrumentos, desenhar a estratégia para organizarmos a travessia com segurança.
A todos os que foram meus mestres (dentro e fora de sala de aula) e a todos os meus companheiros e companheiras de profissão, eu desejo que o sol possa nos proporcionar a mais bela Aurora no Sistema de Educação de nosso país.
Força sempre!!!!
Luzia M. Cardoso