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terça-feira, 19 de outubro de 2021

A Justa Medida

 

A Justa Medida


    Filhos têm responsabilidades para com os seus pais? E se houver irmãos, irmãs, todos teriam a mesma responsabilidade? Haverá instrumento de aferição para se medir o que cada filha, cada filho precisa fazer por seu pai, por sua mãe? Qual seria a medida dos cuidados, dos deveres, da assistência a ser ofertada por cada um, por cada uma? Qual seria o critério da medida justa? 🤔

  
    Haverá equidade na assistência a ser dada pelos filhos, pelas filhas ao pai, à mãe? Haverá meio para se garantir que cada um faça a mesma parte, a mesma quantidade, a mesma medida que o outro? Ou será que o tamanho da assistência ofertada por cada filho, por cada filha aos seus pais é proporcional ao tamanho do afeto, do amor, da solidariedade e da compaixão que têm ao se depararem com as necessidades do pai, da mãe? 🤔

    Será que é humano perceber a necessidade do pai, da mãe, e não supri-la? Será que é digno ficar medindo o valor da assistência material necessária a ser ofertada aos pais? Será que é da condição do ser humano deixar toda a assistência presencial, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo, apenas com uma pessoa? 🤔

    Não haveria uma grande dose de egoísmo em não participar do dia a dia dos cuidados dos pais? Não teria uma grande dose de sadismo quando ausente das tarefas diárias do cuidado, ainda se acha no direito de ditar regras, delegar novas tarefas, fazer críticas e cobranças e querer regular os gastos daquele que cuida diretamente do pai, da mãe? 🤔

    Quanto valeram aquelas tantas e tantas, e tantas, noites que a mãe, que o pai ficaram sem dormir velando o nosso sono, buscando meios de garantir as condições necessárias à nossa vida, saúde, educação, preocupados quando estávamos no trajeto de algum lugar para casa?

    Em que canto de nossa memória ficou aquela labuta diária de nosso pai, de nossa mãe, nas tarefas do lar, nas atividades para garantir o nosso pão de cada dia, no imenso sacrifício para nos propiciar o brinquedo de Natal, aquele sonhado vestido de princesa e a nossa festa de quinze anos, aquele anel de formatura?

   Onde estão as nossas lembranças da quantidade de solicitações de ajuda, de todo tipo que, já adultos, pedimos aos nossos pais? E, muitas vezes, nem morávamos na mesma cidade deles, mas nem a distância os impediram de ir aonde nós estávamos para nos ajudar. Em que local roto deixamos apagar as imagens dos cuidados de nossa mãe, de nosso pai aos nossos próprios filhos?

    E quando chega o tempo em que o pai, a mãe passa a necessitar de cuidados diários, passa a demandar por amparo para se locomover, quando passa a necessitar que o alimento seja levado à sua boca em cada hora da alimentação, e que o banho lhe seja dado, o que caberia a cada um dos filhos, das filhas?

Luzia M. Cardoso

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