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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Lixo Nosso de Cada Dia



Assistimos, indignados, às notícias da cidade de Duque de Caxias submersa em lixo. O lixo nosso de cada dia. O lixo exposto nas ruas, amontoados nas calçadas e não coletados pela prefeitura. O lixo que se espalha, que fede, que atrai ratos, mosquitos, baratas, entre outros. O lixo ao fogo e que, ao vento, também queima o rosto de uma criança. O lixo de Duque de Caxias.
Mas a questão do lixo não se restringe à cidade de Duque de Caxias, pois em várias ruas do país tropeçamos em sacos de lixo. Aquilo que dispensamos e que, por não suportarmos guardar em casa, depositamos do lado de fora, alguns em latões, outros em sacos, mas do lado de fora. Muitas vezes sem nos importarmos com a data e o horário da coleta.
Nosso lixo de todo dia. E juntamos latas, papeis, cascas, restos de comidas, vidros, isopor, garrafas, roupas velhas, brinquedos, pilhas etc., etc. Tudo junto num mesmo saco plástico, tantas vezes mal fechados.
            Mas esse nosso lixo também é fonte de renda para a subsistência de tanta gente. Gente que garimpa de sol a sol, a pé, carregando nos ombros tudo o que nem sequer conseguimos organizar seletivamente para jogar fora. E por nossa desorganização, os trabalhadores de coleta seletiva acabam rasgando os frágeis sacos que largamos do lado de fora de nossas casas, contribuindo para espalhar ao vento, nas ruas, os nossos cheiros, os nossos restos, os nossos trapos, as nossas mazelas.
E nós nem enxergamos esses trabalhadores. Como se a fuligem os tornasse invisíveis. Tampouco percebemos que o seu trabalho é de utilidade pública. Todos os coletadores de materiais recicláveis somente são notados quando cruzam o nosso caminho com os sacos nas costas, ou quando puxam um burro sem rabo disputando as ruas com os carros de passeio, com os taxis, vans e ônibus, ou quando desmaiam de fadiga e fome nas calçadas, em meio ao lixo que descartamos.
E tudo poderia ser tão mais simples se as autoridades dessem a infraestrutura para o trabalho dos coletadores de materiais recicláveis, cadastrando todos, fornecendo-lhes uma bicicleta cargueira, equipamentos de segurança como luvas, uniforme, tênis, boné. Seria tão mais evoluído se nós, cidadãos, organizássemos nosso lixo seletivamente, identificando os sacos com o tipo de material, se conhecêssemos os trabalhadores que vivem da coleta e se entregássemos aos mesmos o nosso lixo seletivamente ensacado.
Infelizmente, a importância que damos ao nosso próprio umbigo nos impede de fazermos assim, por isso, juntamos o que descartamos de qualquer forma e nos livramos de tudo, na primeira esquina, na primeira calçada, na primeira rua.


Luzia M. Cardoso
RJ, 28 de dezembro de 2012

2 comentários:

Conceição disse...


Notadamente que se trata de um comportamento imbecilizante sem uma visão ampla na totalidade de danos que poderão causar aos impactos ambientais e consequentemente danos a nossa saúde, ou seja, uma ameaça mortífera a existência. Uma conotação dramática? pode ser, mas é isso que causa "o lixo nosso de cada dia". O drama depois o desastre.

É Vivendo que se Vive disse...

Que bom te ver por aqui, Conceição!!! É sim um comportamento com consequências muito dramáticas.

Beijos