Ontem, discursos vazios e metálicos ecoaram em Brasília e invadiram a atmosfera brasileira, justamente na penúltima noite do mês de agosto do ano de 2016.
Por meio da oratória, sem materialidade de crime algum, vimos serem torcidas e distorcidas a Constituição da República Federativa do Brasil, as leis e os fatos, a fim de que, amassados, pudessem ser conformados à cassação da Presidenta Dilma Rousseff.
Ontem, a cada fala que visava convencer o povo brasileiro das justificativas para o que denominaram de impeachment, soava-nos como que filhos e netos à antessala de um CTI de hospital a receberem notícias da falência de órgãos vitais daquela que, no seio da família, é o que há de mais precioso.
Ontem, na penúltima noite do mês de agosto, o povo brasileiro recebeu a notícia da morte, abrupta e violenta, da nossa Democracia.
Hoje, amigos e amigas, entregar-nos-ão a Declaração de Óbito de nossa jovem Democracia para que, após a velarmos, ela seja, pelos próprios algozes, sepultada. Hoje, provavelmente, nas dobras daquela que será a última noite do mês de agosto, e que viveremos neste ano de 2016.
Rogo-vos, encarecidamente, não choremos e nem baixemos os olhos e, tampouco, curvemos os nossos ombros. Sigamos enfrente, lado a lado, ombro a ombro, cabeças erguidas, passos firmes e olhos no horizonte. Há muitas rosas a serem plantadas naquele mesmo jardim, semeado em outonos e invernos, que nos trouxeram as inúmeras flores que construíram primaveras.
Amigos e amigas, fiquemos em pé, atentos, prontos e fortes, porque não tropeçamos em montanhas!
Luzia M. Cardoso
Luzia M. Cardoso
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